Como o colapso do SVB afetou setor de tecnologia global
Por Martin Coulter
(Reuters) – Pouco tempo depois que as startups da Califórnia começaram a sacar dinheiro do problemático Silicon Valley Bank, os empresários de outras partes do mundo acordaram com a notícia do colapso do banco.
“Cerca de 90% de nosso caixa estava no SVB”, disse Sam Franklin, 28, presidente-executivo da empresa de recrutamento Otta, com sede em Londres e especializada em tecnologia. Ele passou o fim de semana buscando descobrir como pagar seus funcionários no final do mês.
Enquanto os efeitos globais do colapso do Silicon Valley Bank estão apenas surgindo, uma coisa é clara: as startups de tecnologia, não importa o quão distantes estejam, estão interligadas. Muitos dependem de um único banco de médio porte para suas operações diárias.
Seguindo o exemplo de colegas da Califórnia, as startups da Europa e da Ásia gravitaram em torno do banco, o 16º maior dos Estados Unidos no ano passado, cujo nome soava com prestígio tech e oferecia serviços financeiros especializados.
Ação
Quincy Lee, fundador da startup Electra Era, com sede em Seattle, tentou movimentar milhões de dólares do Silicon Valley Bank na tarde de quinta-feira, à medida que os sinais de alerta se multiplicavam, mas o site estava fora do ar, sobrecarregado pelo tráfego.
Um agente de atendimento ao cliente disse a ele por telefone que houve atrasos porque muitas pessoas estavam tentando sacar. Na tarde de segunda-feira, ele conseguiu seu dinheiro e procurava um banco alternativo.
Após um fim de semana de intensas discussões sobre o futuro do SVB, os reguladores dos EUA revelaram um plano de financiamento de emergência que dava aos clientes do banco acesso a todos os seus depósitos.
No Reino Unido, o chanceler do Tesouro britânico, Jeremy Hunt, disse que o governo e o Banco da Inglaterra facilitaram uma venda do braço britânico do SVB para o HSBC, em uma medida para proteger os depósitos sem o apoio dos contribuintes.
Autoridades da União Europeia também garantiram aos consumidores que o banco tinha uma “presença muito limitada” no bloco. E Christoph Stresing, diretor-gerente da Associação Alemã de Startups, expressou um otimismo cauteloso de que as empresas domésticas se sairão bem.
China
A joint venture do SVB com sede em Xangai, o SPD Silicon Valley Bank (SSVB), disse ter uma estrutura corporativa sólida e um balanço patrimonial independente. O SSVB é o primeiro banco de tecnologia e inovação da China e o primeiro banco de joint venture sino-americano.
Como o SVB foi um dos poucos bancos que facilitou a abertura de contas bancárias para financiamento em dólares, ele era o banco estrangeiro dominante para empresas em estágio inicial na China, disseram consultores e empresas.
Mas muitas startups chinesas e gestores de fundos estão trabalhando para tirar seu dinheiro do braço norte-americano do SVB.
Um advogado de uma empresa de venture capital com sede na China disse que quase todo o caixa operacional das empresas de seu portfólio, bem como seu próprio caixa operacional, foi armazenado no SVB e passou o fim de semana avaliando alternativas.
Depois de um fim de semana turbulento, o presidente-executivo da Otta, Franklin, disse que sua empresa continuará operando com o braço britânico do SVB e criará contas em mais bancos.
“A grande curva de aprendizado para muitos de nós neste setor tem sido: se você tem muito dinheiro, deve espalhá-lo.”
(Por Martin Coulter, Maggie Fick, Krystal Hu, Supantha Mukherjee, Hakan Ersen, Josh Horwitz, Josh Ye e Tom Sims)