Com tarifas pressionando o setor, a Toyota piora suas projeções para 2026 e registra queda no lucro trimestral.
A Toyota (NYSE: TM), maior montadora do mundo em volume, registrou um desempenho abaixo do esperado no trimestre encerrado em 31 de março, afetada por custos operacionais elevados, interrupções na produção e incertezas geopolíticas. Apesar do crescimento nas vendas, o lucro líquido da empresa sofreu queda significativa, e a perspectiva para o ano fiscal de 2026 é considerada mais fraca, principalmente por conta do impacto das novas tarifas comerciais dos Estados Unidos.
Desempenho trimestral
No último trimestre do ano fiscal de 2025, a receita de vendas da Toyota subiu para 12,36 trilhões de ienes (aproximadamente US$ 84,7 bilhões), frente aos 11,07 trilhões de ienes do mesmo período do ano anterior. No entanto, o lucro líquido caiu para 664,6 bilhões de ienes (cerca de US$ 4,6 bilhões), em comparação aos 997,6 bilhões de ienes registrados no trimestre anterior, mesmo com a renda operacional permanecendo estável em 1,12 trilhão de ienes (US$ 7,7 bilhões).
Perspectivas para 2026
Para o ano fiscal de 2026, a Toyota projeta uma receita de vendas de 48,5 trilhões de ienes, um aumento modesto frente aos 45,1 trilhões do ano anterior. No entanto, a renda operacional esperada é de 3,8 trilhões de ienes, abaixo dos 4,79 trilhões de 2025 e muito aquém das estimativas de mercado, como a da Bloomberg, que previa 4,69 trilhões de ienes.
A fabricante estima que novas tarifas comerciais impostas pelos Estados Unidos possam reduzir em até 180 bilhões de ienes seus lucros nos meses de abril e maio. As tarifas incluem uma taxa de 25% sobre todos os veículos importados, determinada pelo presidente Donald Trump, e outras adicionais que podem atingir países-chave para a produção da Toyota, como Japão, México e Canadá.
Desafios no mercado global
Apesar das dificuldades, a Toyota prevê um leve crescimento nas vendas de veículos, de 11 milhões em 2025 para 11,2 milhões em 2026, impulsionada pela demanda contínua por veículos híbridos na América do Norte. No entanto, o cenário é desafiador.
Além das tarifas nos EUA, a montadora enfrenta crescente concorrência no mercado chinês, onde empresas como BYD e Tesla dominam o segmento de veículos totalmente elétricos — um setor em que a Toyota ainda tem presença limitada.
Diferente de montadoras americanas e europeias que preferiram suspender suas orientações financeiras diante das incertezas globais, a Toyota optou por manter sua previsão anual, demonstrando comprometimento com a transparência, mesmo em um cenário de volatilidade.
A combinação de custos crescentes, pressão tarifária e competição acirrada reforça a necessidade de adaptação estratégica por parte da montadora japonesa para sustentar sua liderança global nos próximos anos.
