Juros: Taxas Avançam na Ponta Curta Antes do IPCA, Enquanto Longas Caem com Correção

Postado Por: Redação Categoria: Ações Comentários: 0

Juros: Taxas Avançam na Ponta Curta Antes do IPCA, Enquanto Longas Caem com Correção

Os juros futuros encerraram a sessão com alta nos vencimentos de curto prazo e queda nos prazos mais longos, refletindo, respectivamente, a expectativa pelo IPCA de maio, que será divulgado amanhã, e a correção de parte da alta registrada na sessão anterior.

No fechamento, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025 ficou em 10,635%, comparado a 10,626% no ajuste anterior e 10,605% no fechamento de sexta-feira. A taxa do DI para janeiro de 2026 fechou em 11,27%, frente a 11,31% no ajuste e 11,22% no fechamento anterior. O DI para janeiro de 2027 teve taxa de 11,60%, contra 11,69% no ajuste e 11,60% no fechamento anterior. O DI para janeiro de 2029 terminou em 11,94%, comparado a 12,06% no ajuste e 11,96% no fechamento anterior.

A alta das taxas na sexta-feira deixou espaço para uma correção, embora a devolução de prêmios tenha sido modesta. Na sessão anterior, os vencimentos longos chegaram a abrir mais de 40 pontos-base. Segundo especialistas em renda fixa, a correção dos excessos começou no fim da tarde de sexta-feira, após o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, criticar o vazamento de “informações falsas” sobre possíveis mudanças nos limites do arcabouço fiscal. Haddad afirmou que, na reunião com representantes do mercado, garantiu estar disposto a contingenciar gastos. Após esses esclarecimentos, as taxas fecharam a sexta-feira longe das máximas do dia.

Do lado das receitas, o governo tem mostrado disposição para dialogar sobre a MP do PIS/Cofins, que será usada para compensar as perdas geradas pela desoneração da folha de pagamentos. A MP foi rejeitada pelo setor produtivo. “A partir de hoje, o governo intensificará negociações para construir uma proposta de compensação melhor”, afirmou o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha.

O alívio nas taxas longas ocorreu mesmo com o avanço do dólar, que atingiu R$ 5,35, e a alta da T-Note de dez anos, cuja taxa fechou em 4,45%, influenciada pelos receios com a reunião do Fed e o dado de inflação de maio, que será divulgado na quarta-feira, junto com o gráfico de pontos das projeções do Fed. A expectativa é que os cortes de juros nos Estados Unidos sejam adiados para novembro, conforme a ferramenta do CME Group.

Na ponta curta, Marcos Moreira, sócio da WMS Capital, observou pressão decorrente da percepção de que não há mais espaço para queda da Selic, reforçada pela piora das projeções de IPCA na pesquisa Focus, alimentada pelo “descompasso entre as políticas fiscal e monetária”. “Campos Neto citou hoje a preocupação com a capacidade de harmonizá-las como o principal risco percebido no curto prazo”, disse Moreira, que prevê a Selic estável em 10,50% no próximo Copom de junho.

A mediana de inflação para 2024 na pesquisa Focus subiu de 3,88% para 3,90% e para 2025, de 3,77% para 3,78%. A mediana do IPCA para 2026 permaneceu em 3,60%. A elevação da desancoragem para 2025 ocorreu mesmo com a mediana da Selic subindo de 9,18% para 9,25%. A projeção para 2024 manteve-se em 10,25%.

Os números desfavoráveis da Focus foram lembrados na parte da tarde para justificar uma postura defensiva antes da divulgação do IPCA amanhã. “Algum impacto das enchentes no Rio Grande do Sul já deve aparecer”, explicou Moreira.

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