Nos EUA, Azul entra com pedido de recuperação judicial

Postado Por: Redação Categoria: Ações Comentários: 0

Nos EUA, Azul entra com pedido de recuperação judicial

A companhia aérea Azul (BVMF:AZUL4) entrou oficialmente com pedido de recuperação judicial nos Estados Unidos nesta quarta-feira (21), buscando reorganizar seu pesado endividamento, após meses de tentativas de renegociação fora dos tribunais.

A notícia derrubou os recibos de ações (ADRs) da empresa negociados nos EUA em quase 30% no pré-mercado.

O movimento interrompe as conversas sobre uma possível fusão com a rival Gol (BVMF:GOLL4) e posiciona a Azul como mais uma companhia aérea latino-americana a recorrer à Justiça norte-americana após os impactos severos da pandemia, seguindo os passos de LATAM, Avianca e Aeroméxico.

“Carregávamos uma dívida muito grande desde a Covid. Agora temos a oportunidade de limpar nosso balanço e recomeçar”, afirmou o CEO da Azul, John Rodgerson, em entrevista à Reuters.

Plano de reestruturação robusto

A Azul informou que fechou acordos com seus principais credores, incluindo a AerCap — sua maior arrendadora de aeronaves — e as parceiras United Airlines (NASDAQ:UAL) e American Airlines (NASDAQ:AAL).

O pacote de reestruturação prevê:

  • US$ 1,6 bilhão em financiamento DIP (devedor em posse) durante o processo;

  • A eliminação de mais de US$ 2 bilhões em dívidas;

  • Até US$ 950 milhões em aporte adicional, sendo US$ 650 milhões via emissão de ações e US$ 300 milhões investidos por United e American Airlines.

Rodgerson declarou que a expectativa é concluir todo o processo ainda em 2025. “Estamos entrando já pensando na saída. Temos financiamento garantido e o apoio dos nossos parceiros”, ressaltou.

Dívida chega a R$ 35 bilhões

Ao final do primeiro trimestre, a Azul registrava uma dívida bruta de R$ 34,66 bilhões, um salto de 42,2% em relação ao ano anterior. O índice de alavancagem (dívida líquida/Ebitda) disparou para 5,2 vezes, ante 3,7 no mesmo período de 2024.

A situação se agravou após uma tentativa frustrada de aumento de capital no mês passado, que captou apenas R$ 1,66 bilhão, bem abaixo dos R$ 4,11 bilhões pretendidos.

Problemas na cadeia global de suprimentos, atraso na entrega de aeronaves e a desvalorização do real frente ao dólar também pesaram na escalada da dívida. “O que eu pagava em juros em 2019 subiu dez vezes”, explicou o executivo.

Fusões impactadas

O pedido de recuperação judicial afeta diretamente os planos de fusão com a Gol, que também está sob processo de Chapter 11 nos EUA desde o início de 2024. Ambas haviam assinado um memorando de entendimento não vinculante em janeiro, com a intenção de criar uma “campeã nacional” no mercado aéreo brasileiro.

A Gol, por sua vez, recebeu aprovação judicial para seu plano de reestruturação e espera sair do processo já no próximo mês.

Operações continuam normalmente

Apesar do pedido de proteção judicial nos EUA, a Azul reforçou que suas operações seguem funcionando normalmente, assim como a venda de passagens e a prestação de serviços.

Fundada em 2008 por David Neeleman — que também criou a norte-americana JetBlue (NASDAQ:JBLU) —, a Azul detém cerca de 30% do mercado doméstico brasileiro, com uma frota diversificada que inclui modelos da Airbus, Embraer e ATR.

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