Segundo a BCA Research, Casa Branca deve mudar seu tom sobre tarifas “em breve”

O governo Trump pode estar prestes a mudar de tom em relação às tarifas comerciais, segundo analistas da BCA Research. Em nota divulgada nesta segunda-feira (4), a consultoria afirma que, diante da crescente tensão nos mercados e do risco de uma recessão, a Casa Branca deve adotar uma postura mais conciliadora “em breve”.

O alerta vem em um momento delicado: o índice S&P 500 fechou o dia em leve queda, aos 5.062,25 pontos, após flertar com o chamado “bear market” — uma retração de 20% em relação ao pico recente. Os investidores seguem inseguros sobre os planos da administração Trump: as tarifas são permanentes ou apenas uma tática de negociação? Ao ser questionado, o próprio presidente afirmou que “ambos podem ser verdadeiros”.

Na visão dos estrategistas da BCA, liderados por Matt Gertken, o governo será forçado a mudar de direção à medida que o risco de mercado de urso aumenta. Isso porque uma queda mais acentuada nas bolsas poderia desencadear uma recessão, com impactos diretos nas eleições de meio de mandato e no legado político de Trump.

A expectativa da consultoria é que Trump e sua equipe comecem a anunciar exceções às tarifas para países que demonstrarem interesse em negociações “sérias”. A estratégia pode incluir um foco maior em disputas comerciais com países como a China, segundo a análise.

A movimentação já está em curso. O representante de Comércio dos EUA, Jamieson Greer, deve relatar nesta terça-feira ao Comitê de Finanças do Senado que quase 50 países já solicitaram diálogo sobre as tarifas. Entre eles estão Argentina, Vietnã e Israel, que, segundo informações da Reuters, sinalizaram disposição para reduzir suas próprias tarifas e barreiras comerciais.

No fim de semana, o diretor do Conselho Econômico Nacional, Kevin Hassett, também afirmou que mais nações procuraram a Casa Branca com propostas de acordos.

Diante do cenário volátil, a BCA informou que decidiu encerrar algumas de suas operações de venda até o final do dia, permitindo que os efeitos do atual choque comercial se manifestem no mercado. A consultoria também encerrou uma estratégia de compra de Treasuries dos EUA contra venda de S&P 500, com lucro acumulado de 19% desde o início da operação.