Bitcoin e Ethereum despencam 8% com nova subida dos treasuries americanos; mercado cai 6% e vai a US$ 947 bi
Após ensaiarem recuperação ontem com alta de 6% nas primeiras horas da manhã, Bitcoin (BTC) e Ethereum (ETH) caem forte nesta quarta-feira (28) na sequência do mau desempenho do S&P 500, que caiu pela sexta sessão consecutiva ontem, recuando 6,5% nesse período e registrando sua maior sequência de perdas desde o início da pandemia de Covid-19, em fevereiro de 2020.
O cenário promete se repetir hoje com os futuros das bolsas americanas novamente em queda. Segundo analistas, os mercados reagem ao aumento do rendimento dos títulos públicos de 10 anos dos Estados Unidos para 4%, o que afeta especialmente ativos considerados mais arriscados, como ações e criptoativos. Às 7h, o BTC era negociado em baixa de 7,6%, a US$ 18.658, e o ETH cedia 8,1%, a US$ 1.274. Com isso, o mercado como um todo cai 6% e vai a US$ 947 bilhões.
Alguns analistas atribuem a rápida alta de ontem nas criptomoedas a traders que tentavam se antecipar a uma expectativa de ganhos no mês de outubro, que é historicamente marcado por altas na classe de ativos. No entanto, o salto voltou a ser motivo para nova realização de lucros de investidores que seguem preocupados com a trajetória da inflação e com o risco de recessão global severa.
Em entrevista ao The Wall Street Journal, Neel Kashkari, presidente do Federal Reserve Bank de Minneapolis, reiterou o compromisso do banco de restaurar a “estabilidade de preços”.
Além disso, em um evento organizado pelo banco central francês ontem, o presidente do Federal Reserve (Fed), o banco central dos EUA, Jerome Powell, disse que a regulamentação das finanças descentralizadas (DeFi) precisa ser feita “com cuidado e ponderação”, devido ao seu impacto limitado na economia real. “O inverno DeFi … não teve efeitos significativos no sistema bancário e na estabilidade financeira mais ampla” devido à falta de vínculos entre eles, disse Powell em um painel.
Com o Bitcoin subindo para além dos US$ 20 mil na terça, o analista sênior de mercado da Oanda, Edward Moya, chamou a resiliência da criptomoeda de “impressionante”, ao mesmo tempo em que mostrou pouco otimismo em relação a qualquer aumento significativo de preços no futuro próximo. “O Bitcoin não tem um catalisador para se estender muito mais alto, mas uma estabilização é um sinal bem-vindo para os traders otimistas de longo prazo”.
Traders de criptos estão atentos a mais declarações do Fed nesta quarta-feira, incluindo as falas do presidente do Fed de Atlanta, Raphael Bostic, do presidente do Fed de Richmond, Tom Barkin, e de Chicago, Charles Evans.
“Nossa visão do mercado central tem sido de que é improvável que a pressão por condições financeiras mais apertadas nos EUA termine até que a economia entre em uma recessão clara ou mostre um progresso sustentado da inflação”, escreveu Dominic Wilson, analista econômico do Goldman Sachs, em nota.
O temor entre traders de criptoativos é que novas quedas nas bolsas venham pela frente, o que para Wilson é algo que permanece na mesa dado o histórico em tempos de crise. “As quedas do mercado de ações em correções anteriores de política monetária sempre foram precedidos de perto por um pico nos rendimentos de 10 anos, um limite ainda não alcançado”, acrescentou.