As taxas de juros de curto prazo apresentam uma tendência de alta, enquanto as de longo prazo permanecem estáveis em meio à divulgação do IPCA-15 no mercado financeiro.

Postado Por: Redação Categoria: Ações Comentários: 0

As taxas de juros de curto prazo apresentam uma tendência de alta, enquanto as de longo prazo permanecem estáveis em meio à divulgação do IPCA-15 no mercado financeiro.

Os juros futuros encerraram com viés de alta nos vencimentos de curto e médio prazos, mantendo-se estáveis nos vencimentos de longo prazo, à medida que o mercado adotou uma postura mais defensiva no fechamento dos negócios. Durante grande parte da tarde, as taxas de curto prazo permaneceram próximas da estabilidade, enquanto as taxas de longo prazo apresentavam recuo, refletindo eventos da agenda doméstica e o alívio observado na curva dos Treasuries.

O IPCA-15 de novembro superou as expectativas medianas, mas trouxe uma leitura favorável dos preços de abertura. Essa performance não alterou as perspectivas para a política monetária, e as taxas de curto prazo oscilaram dentro de margens estreitas. Por outro lado, as taxas de longo prazo foram sustentadas pelos Treasuries, pela queda do dólar e pelo superávit primário do Governo Central, que ficou acima da mediana das estimativas.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025 encerrou em 10,450%, subindo em relação aos 10,40% do dia anterior. A taxa do DI para janeiro de 2026 aumentou de 10,07% para 10,13%. O DI para janeiro de 2027 terminou com uma taxa de 10,23%, comparado a 10,21% no ajuste anterior, enquanto o DI para janeiro de 2029 fechou em 10,63%, levemente abaixo dos 10,64% anteriores.

Durante a primeira parte da sessão, as taxas de juros subiram em conjunto, refletindo as reações iniciais ao IPCA-15 e ao avanço das taxas nos Estados Unidos. Os rendimentos responderam a um aumento maior do que o esperado na confiança do consumidor nos EUA, com alguma cautela antes dos discursos dos dirigentes do Federal Reserve previstos para o dia. Posteriormente, as taxas nos EUA inverteram a tendência e começaram a cair após o diretor Christopher Waller expressar confiança crescente de que a política monetária está bem posicionada para trazer a inflação de volta à meta de 2%. Isso aumentou a probabilidade de taxas de juros estáveis na reunião do Federal Reserve em dezembro (de 93% para 99%) e a possibilidade de cortes de 100 pontos-base a partir de maio até dezembro de 2024. A taxa da T-Note de 2 anos estava em 4,73% no final da tarde, atingindo o menor nível desde julho.

Quanto ao IPCA-15, após a surpresa inicial, o mercado absorveu melhor a inflação de 0,33% ao longo do dia. A elevação acima da mediana das estimativas (0,30%) foi atribuída a itens voláteis, como passagens aéreas e alimentação, sem comprometer a tendência geral de desinflação, mesmo que em um ritmo mais lento. Em 12 meses, o IPCA-15 desacelerou de 5,05% para 4,84%.

Marianna Costa, economista-chefe do TC, sugeriu que, se a inflação continuar nessa trajetória, pode ganhar força um cenário alternativo de aceleração do ritmo de cortes da Selic nas reuniões do Copom no primeiro trimestre de 2024. Ela destacou que o corte de 0,5 ponto percentual já é uma certeza, e o mercado geralmente busca opções de ganho em caso de surpresas. Costa mencionou que, com base nos dados disponíveis até agora, o cenário alternativo de um corte de 0,75% pode se consolidar, especialmente se a dinâmica do IPCA continuar. Ela observou que o Banco Central pode não se sentir confortável para acelerar em dezembro, mas isso pode ser uma possibilidade em janeiro.

Fernanda Guardado, diretora de Assuntos Internacionais do Banco Central, reiterou a indicação de cortes de 0,5 ponto na Selic nas próximas reuniões durante um evento promovido pelo Morgan Stanley. Ela afirmou que a reavaliação do ritmo exigiria surpresas “relevantes”, destacando que, até agora, o cenário se desenvolve conforme o esperado pela autoridade monetária. Guardado alertou que ajustes podem ser feitos com base na evolução dos dados.

Na área fiscal, o superávit primário do Governo Central em outubro, que atingiu R$ 18,277 bilhões, acima da mediana das estimativas (R$ 15,5 bilhões), aliviou as taxas de longo prazo do DI. Essa melhoria, mesmo que pontual, contribuiu para um ambiente fiscal mais positivo, especialmente após a manutenção da meta fiscal no relatório final da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) a ser votado na Comissão Mista de Orçamento (CMO). Marianna Costa destacou que o clima fiscal melhorou após essa decisão.

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