Tesla é a única montadora dos EUA com estratégia para driblar a China, diz Piper Sandler
A Tesla surge como a única montadora americana que está, de fato, traçando um caminho consistente para reduzir sua dependência da China na cadeia de produção de baterias. A avaliação foi feita pela consultoria Piper Sandler, após uma análise aprofundada junto ao especialista em baterias Jordan Giesige.
Segundo o relatório, a Tesla (NASDAQ: TSLA) é hoje a única fabricante de veículos nos Estados Unidos que busca, em larga escala, produzir baterias com mínima dependência dos insumos chineses — um diferencial que pode se tornar estratégico no cenário geopolítico e industrial atual.
No caso das baterias 4680, desenvolvidas internamente, a Piper Sandler afirma que a dependência da China já está praticamente zerada. Ainda que a independência total leve alguns anos, o relatório destaca: “Pelo menos, a Tesla tem um plano — e isso já a coloca muito à frente das demais montadoras americanas.”
A estratégia da empresa liderada por Elon Musk inclui dominar toda a cadeia de produção: desde o refino próprio de lítio, passando pela fabricação de materiais ativos para os cátodos (CAM), até o desenvolvimento e revestimento de eletrodos e a montagem final das baterias — tudo sendo feito internamente.
Um dos grandes diferenciais tecnológicos apontados pela Piper Sandler é o processo de eletrodo de bateria seca (DBE), considerado de cinco a seis vezes mais eficiente do que os métodos tradicionais de revestimento úmido. Se bem-sucedido em escala industrial, esse processo pode gerar economias significativas em custos operacionais e investimentos em infraestrutura, além de acelerar a produção. A expectativa é que esse método comece a ganhar escala até o final deste ano, embora o relatório ressalte que “ainda há incertezas sobre sua viabilidade total.”
Além disso, a Tesla avança na produção doméstica de baterias de fosfato de ferro e lítio (LFP). Giesige destaca que a empresa já trabalha para instalar cerca de 10 GWh de capacidade de produção de LFP nos Estados Unidos, o que representa 25% dos 40 GWh necessários para atender a produção de seu sistema de armazenamento de energia, o Megapack, no país.
O relatório reforça que, mesmo que parte dos processos inovadores não atinja o sucesso pleno, a Tesla ainda estará muito à frente de seus concorrentes, que seguem altamente dependentes da cadeia de suprimentos chinesa.
“O sucesso não é garantido, e, nos próximos dois anos ou mais, não será possível desconectar completamente a cadeia de suprimentos dos Estados Unidos da China. Mas o fato é que, até agora, só a Tesla tem um plano concreto para isso”, conclui a Piper Sandler.
