Em uma estratégia para revitalizar o mercado de TV por assinatura, a Claro se junta a plataformas de streaming.
A Claro está consolidando um novo modelo de negócios no setor de TV por assinatura, com o objetivo de conter a perda de clientes e retomar o crescimento em um mercado que parecia estar em declínio.
A operadora anunciou na quinta-feira, 22, a inclusão do serviço Apple TV+ em seu pacote, que já integra Globoplay, Netflix e Max. Com essa adição, o super combo da Claro agora oferece quatro serviços de streaming de vídeo, além de 120 canais de TV, tanto abertos quanto fechados.
O novo pacote pode ser adquirido pelo aplicativo de vídeo da Claro (Claro TV+) ou através da caixinha que funciona via internet sem fio (Claro Box). O preço para a contratação solo é de R$ 119,90, enquanto a combinação com algum plano de banda larga ou internet móvel sai por R$ 109,90. Caso o consumidor contratasse os serviços de streaming separadamente, o custo seria de R$ 127, sem incluir os canais de TV.
Ricardo Falcão, diretor da Claro TV+, destacou que o mercado de TV tem se transformado nos últimos anos. Ele afirmou que a empresa não se limita mais a “TV por assinatura”, mas se posiciona como um “hub” de conteúdos. “Se o cliente quiser assistir aos canais lineares, temos. Se ele preferir os streamings, também oferecemos”, disse Falcão, enfatizando a estratégia de focar em parcerias.
A transformação da Claro começou há cerca de um ano com a inclusão do Globoplay no pacote. Desde então, foram agregados Netflix, Max, e agora Apple TV+. Falcão estimou que, até o final do ano, ao menos mais uma parceria será fechada, com a empresa buscando integrar todos os conteúdos relevantes.
No novo modelo, a Claro não oferece apenas acesso aos aplicativos dos parceiros, mas reúne todo o conteúdo em uma única plataforma, permitindo aos usuários navegar por catálogos de canais, séries e filmes sem precisar alternar entre diferentes aplicativos. A plataforma, que vem sendo desenvolvida pela operadora há quase três anos, inclui um algoritmo que recomenda conteúdo baseado nas últimas visualizações do assinante, similar ao que acontece em plataformas como a Netflix.
Outros serviços de streaming, como Prime, Disney, Paramount e Star+, podem ser contratados “à la carte” pelos assinantes da Claro, mas com pagamento separado e sem acesso integrado à plataforma universal. Esses serviços são considerados próximos potenciais parceiros do super combo, segundo Falcão.
A Claro, maior empresa de TV por assinatura no Brasil, com 5 milhões de assinantes (48% do mercado), registrou uma perda de 700 mil clientes nos últimos 12 meses, equivalente a uma queda de 12%, segundo dados da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). No entanto, as operações da Claro TV+ e do Claro Box estão em crescimento, com quase 1 milhão de assinantes (20% da base total da empresa), dobrando de tamanho desde o início das parcerias com streamings no ano passado.
Falcão destacou que este redesenho tem sido crucial para contrabalançar a perda de clientes na TV tradicional e já aponta para uma recuperação do crescimento do negócio como um todo. Ele estimou que, a partir de 2025, a base total de assinantes voltará a crescer.
Essa estratégia não só gera aumento de receita, como também um saldo positivo para a empresa. Os principais custos são relacionados aos repasses para os fornecedores de conteúdo e à aquisição de equipamentos (como as caixinhas da Claro Box, que são instaladas pelos próprios consumidores, sem necessidade de visita técnica). Com a maior parte do investimento na plataforma única já realizado, a tendência é que os custos se diluam à medida que o negócio ganhe escala.
Falcão afirmou que a estratégia também beneficia as empresas de streaming, oferecendo a possibilidade de ganhar novos assinantes e reduzir a taxa de desligamentos (churn). Ele observou que é comum os clientes migrarem de um serviço para outro, dependendo do interesse na série do momento. Em média, os consumidores assinam apenas dois serviços de streaming.
Para Falcão, a união de forças em uma relação de “ganha-ganha” é o caminho ideal, tanto para a TV paga quanto para os serviços de streaming, com crescimento de receita e rentabilidade, invertendo a tendência de decadência e perda de receita no mercado.