O Telegram removerá alguns recursos usados para crimes, anunciou o fundador do aplicativo.
O fundador do Telegram, Pavel Durov, anunciou nesta sexta-feira que o aplicativo de mensagens tomará medidas para abordar as críticas em torno da moderação de conteúdo, incluindo a remoção de alguns recursos utilizados para atividades ilegais.
Durov, que foi colocado sob investigação formal na França na semana passada por suspeita de envolvimento do Telegram em crimes como fraude, lavagem de dinheiro e distribuição de material de abuso infantil, comunicou a decisão em uma mensagem a seus 12,2 milhões de assinantes.
“Embora 99,999% dos usuários do Telegram não estejam envolvidos em crimes, os 0,001% que estão prejudicam a imagem da plataforma, colocando em risco os interesses de quase um bilhão de usuários”, afirmou Durov. Ele ainda destacou: “Este ano, estamos comprometidos em transformar a moderação do Telegram, passando de um ponto de críticas para uma área de elogios.”
Embora não tenha fornecido detalhes específicos sobre como essa mudança será implementada, Durov mencionou que a plataforma já havia desabilitado novos uploads de mídia em uma ferramenta de blog autônoma que vinha sendo mal utilizada por usuários anônimos. Além disso, o recurso “Pessoas Próximas” foi desativado devido a problemas recorrentes com bots e fraudes.
Essas alterações marcam as primeiras ações desde que Durov foi preso na França no mês passado, interrogado por quatro dias, e posteriormente libertado sob fiança. O caso levantou discussões na indústria de tecnologia sobre até que ponto plataformas digitais são responsáveis pelos crimes cometidos por seus usuários, além de reacender debates sobre liberdade de expressão online e regulamentação.
O advogado de Durov classificou a investigação como absurda, argumentando que é incoerente responsabilizar o fundador do Telegram por crimes cometidos por terceiros na plataforma.
Katie Harbath, ex-diretora de políticas públicas da Meta, afirmou: “É um passo positivo que Durov esteja começando a lidar com a moderação de conteúdo de forma mais séria, mas, como Elon Musk e outros líderes do setor já descobriram, ele vai perceber que mudanças superficiais não serão suficientes para resolver esses problemas.”
O Telegram também atualizou sua página de Perguntas Frequentes, removendo a política que informava que não processa denúncias de conteúdo ilegal em chats privados, uma vez que são protegidos pela criptografia. No entanto, Durov não mencionou essa alteração em sua mensagem, onde também comemorou o marco de 10 milhões de assinantes pagos na plataforma.
Em uma postagem anterior, Durov reconheceu que o Telegram não é perfeito, mas rejeitou categoricamente as acusações de que a plataforma seria um “paraíso anárquico”, afirmando que “milhões de postagens e canais prejudiciais são removidos diariamente.”
Ele também expressou surpresa com a investigação na França, argumentando que as autoridades poderiam ter entrado em contato diretamente com o representante do Telegram na União Europeia ou com ele próprio para resolver as preocupações.
“Se um país está insatisfeito com um serviço de internet, o procedimento habitual é tomar medidas legais contra o serviço, e não contra o indivíduo”, concluiu Durov.